terça-feira, 18 de dezembro de 2012

" A penetração nem é tão importante..."

Logo assim que descobri estes blogs de mulheres vagínicas, me perguntei : Por  que só agora ? Por que tive que passar por todo aquele tormento sozinha, sem ter o apoio de outras mulheres como eu ?

Hoje, dou Graças a Deus por isso. Talvez se eu tivesse conhecido estas outras histórias antes, tivesse ficado impressionada demais,  a ponto de achar que minha situação seria semelhante a destas mulheres que vivem num impasse com relação a este problema.

Desde o momento em que eu aceitei que tinha o vaginismo até a minha primeira relação com penetração se passaram dois meses. Descobri que tinha os exercícios, fiz e obtive os resultados esperados. O que antes parecia impossível, tornou-se realidade. Finalmente eu me senti uma mulher completa.

Eu nunca pensei como muitas vagínicas pensam, ou querem pensar,  que " a penetração não é tão importante numa relação". Eu penso que se não há nenhum problema físico ela  é fundamental . Pra começar, é a forma natural para se formar uma família. E é tão fundamental que o fato de não a conseguirmos nos frustra profundamente.

Eu acredito sinceramente que nós vagínicas tenhamos tido um número maior de relações sexuais prazerosas, pois nossos namorados (ou maridos) se empenham muito mais nas carícias e nos amassos  para tentar nos agradar e conseguir nos penetrar. E a penetração para nós mulheres na maioria das vezes não é sinonimo de prazer. A vagina não é como o pênis, que com simples fato de ser enfiado em um buraco quente e apertado já proporciona prazer imediato ao seu dono. E essa não é uma crítica, é uma constatação. E é por isso também, que  eu não aceitava o fato de não conseguir ser penetrada. Eu sempre quis ser capaz de oferecer esta forma  tão simples de agrado ao meu namorado.  Pois assim como os nossos namorados (ou maridos ) sentem prazer em nos dar prazer, nós também sentimos o mesmo.  Então não acho que devamos  nos fazer acreditar que a penetração não seja extremamente importante. Pois eu sinto que este tipo de pensamento também  é responsável por  tantas mulheres se acomodarem e não buscarem o tratamento com   severidade, que é como deve ser feito.



domingo, 2 de dezembro de 2012

O que há de errado comigo ?

Percebi que algo estava errado em 2010, após quase um ano de namoro.  Depois deste tempo de relacionamento eu decidi que estava pronta para transar, pois tinhamos uma ótima relação. E eu queria muito, visto que as coisas sempre ficavam muito quentes entre nós. A primeira vez que tentamos, não rolou, as outras vezes também não, pois eu reclamava até enquanto ele passava o dedo na entrada da vagina. Doía, então, se o dedo só na entrada era dolorido, imagina o pênis ? E meses se passaram e nada de penetração.
 
E comecei a pensar que havia algo de errado comigo. As minhas amigas diziam que era coisa da minha cabeça, que era só relaxar. Pensei então em beber alguma coisa nas próximas tentativas.E bebi. Em um dia cerveja , e nada. No outro, vinho,e nada. No outro caipirinha, e novamente não consegui.
E com essa situação, eu ficava cada vez mais triste. E o tempo ia passando, e os casais das novelas iam tendo suas primeiras relações ( o que era motivo de desespero para mim), eu via que era só uma questão de querer. Eu também queria, por  que eu não conseguia ? E quando eu via as adolescentes grávidas eu pensava : essas sim são mulheres de verdade, eu sou apenas um projeto. E comecei a me sentir cada vez pior com isso. Mas me acomodei com a situação.

Neste meio tempo, uma das minhas melhores amigas decidiu que iria perder a virgindade. Ela , assim como todas nós, sonhava com a pessoa ideal para tal, de preferência um namorado. Não apareceu o namorado, mas havia aparecido um rapaz pelo qual ela acabou se apaixonando. E no dia que ela decidiu que seria, aconteceu. No mesmo dia ela me contou. Eu fiquei impressionada. Como assim ? Como pode ter sido tão fácil ? Mais um motivo de desespero pra mim !

Meu namorado começou a achar que meu problema era com ele. Propôs até que terminássemos, pois ele foi sempre muito carinhoso e paciente comigo. Eu não aceitei,  e resolvi ir ao ginecologista. E eu ouvi o único diagnóstico que eu não queria ouvir : TÁ TUDO BEM COM VOCÊ ! E fui encaminhada ao psicólogo. Eu queria que ele dissesse que tinha algum problema, e que eu usaria um remédio no local e a dor passaria. Fiquei quieta, mas não  aceitei. Eu sentia dor de verdarde. Esses médicos precisam entender que ao  encaminhar uma vagínica ao psicólogo, dá a impressão que eles estão sugerindo que os nossos problemas serão resolvidos com algumas conversas apenas. Seria importante que eles falassem que provavelmente precisariamos  fazer fisioterapia na vagina. Essa atitude mostraria que eles acreditam na dor física que é sentida. NÃO É FRESCURA !

Cheguei em casa e pesquisei sobre problemas sexuais psicológicos. E encontrei um site sobre vaginismo. Me enquadrei no caso de quem desconhece a formação da vagina e não acredita na sua elasticidade. Realmente percebi que nunca gostei de pensar em nada penetrando a minha vagina.  Embora ali estivesse descrito tudo que  eu sentia, eu não aceitei de primeira. Nenhuma das minhas amigas tiveram q fazer exercício nenhum na vagina antes de transar. Por que comigo tinha que que ser diferente ? Pela primeira vez entrei na internet e assisti a vídeos pornográficos. Eu queria ver se após ver as penetrações, eu perderia o pavor que descobri ter das mesmas. Parecia tão fácil para aquelas mulheres.  Cheguei até a pedir ao meu namorado para alugar um vídeo que eu tinha ouvido falar, onde a sobrinha da Gretchem perdia a virgindade. Foi uma das piores coisas que eu fiz. Eu acho que foi tudo verdadeiro. E ver aquela moça gemendo , dizendo que estava doendo e logo após ver o pênis saindo com a camisinha cheia de sangue, não foi nada animador. Para não dizer  que foi desesperador. Sangue e dor, alguém se anima ? E isso na verdade é o que a gente ouve desde sempre, sobre a perda da virgindade. Na verdade nunca fez muito sentido pra mim. Será que um local que dói e sangra pode algum dia dar prazer ?Mas sempre diziam que as primeiras vezes seriam assim. E de qualquer maneira, esses comentários não impediram as minhas amigas de transar. Este problema vai muito além.

O meu medo da penetração era tanto que uma amiga, espírita, me disse que eu poderia ter sido uma mulher castrada em outras vidas. Eu dizia: tenho a impressão que vou ser toda arrebentada. Pesquisei sobre a CASTRAÇÃO  FEMININA. FIQUEI CHOCADA ! É uma prática cruel e ainda atual, que faz parte de algumas culturas ! E é exatamente o que acontece, as jovens tem seus clitores retirados (um dos motivos segundo a cultura é para evitar o lesbianismo) , são costuradas e devem ser arrebentadas na noite de núpcias ! Algumas até morrem devido a castração ou na primeira relação. Não sou espírita, mas acredito que "há mais mistérios entre o céu e a terra do que nossa vã filosofia possa imaginar".

Houve uma noite em que eu tive uma relação completa. Estava tudo indo bem quando de repente, eu acordei. Infelizmente era um sonho. Foi tão real. E quando acordei, eu estava nos braços do meu namorado. Ele estava dormindo e eu discretamente, comecei a chorar. Afinal, nada nos impedia.

Dois meses depois, sem conseguir transar, resolvi voltar as minhas pesquisas sobre o vaginismo. Aceitei que eu era vagínica e comecei a seguir as orientações do site. Sete ou oito semanas depois de muita persitência e fazendo os exercícios, desde passar o dedo mindinho na entrada da vagina (sentindo dor) até colocar os dois dedos de uma vez. No meu caso descobri que  a dor se concentrava na entrada, na vulva e nos primeiros centímetros,  e continuei com os exercícios, sempre sozinha e contando minha evolução para meu namorado. O fundamental para mim neste tratamento, foi conhecer a minha vagina. Eu pensei que quando meu dedo mindinho entrasse, eu sofreria de uma dor insuportável, já que na entrada doía tanto. Mas não foi assim, lá dentro não doía. Foi uma surpresa pra mim. E eu senti a minha vagina. E eu vi que parecia com o céu da boca. Eu tinha uma impressão totalmente errada . Eu tinha a impressão que era um local em carne viva. Só o fato de ter percebido que não era assim, já me fez perder o medo da penetração. Mas eu tinha que tratar daquela dor insuportável  na entrada, que doía tanto para entrar  algo como para tirar, tinha que dessensibilizar o local. Continuei fazendo os exercícios com meus próprios dedos, sempre pressionando -os por toda vagina e ao longo do tratamento fui percebendo o quanto ela poderia ser elástica. Quando  ela se tornou menos dolorida, sete ou oito semanas depois ,finalmente conseguimos a tão sonhada penetração !

Foi assim : meu namorado ficou deitado e praticamente imóvel( exigência minha depois das preliminares). E eu fui por cima controlando a profundidade, e desta maneira conseguimos nossa primeira relação com penetração. Eu senti dor, mas foi suportável. E esse foi um dos dias mais felizes da minha vida !!!!!!!!!!!!!!

Passei a fazer alguns banhos de assento, para ver se a ardência na entrada acabava de vez. Pois me incomodava muito toda vez que íamos transar. Depois que o pênis entrava eu não gostava que ele tirasse por completo para mudarmos de posição, pois ainda doía. O único banho que realmente fez efeito, foi o de camomila com malva. Fiz durante cinco dias consecutivos ( é muito chato) . E dois dias depois, transei e não senti desconforto algum !  Transamos em pé, de lado, de quatro, de bruços, sentados ...rsrsrsrsrsrsrs. Trocamos o tempo todo de posição sem que eu sentisse desconforto algum ! Mas uma semana depois, o desconforto voltou. Eu acho que essa combinação da malva com a camomila funcionou como um relaxante muscular. Cinco meses se passaram depois da primeira relação,  e eu continuava sentindo muito desconforto, e as vezes até dor na entrada da vagina.E estes banhos de assento não devem ser usados indiscriminadamente, por isso não fiz de novo, embora eu tenha gostado do resultado. Fui a uma ginecologista, contei o que eu passei, e o que eu ainda sentia. Ela me parabenizou e disse que algumas mulheres até terminavam casamentos por não conseguirem o que eu consegui.  Eu achava que esse problema era mais raro do que realmente é. Pois só agora encontrei esses blogs com estas histórias parecidas com a minha, e foi por acaso.  Bom, durante a consulta, fiz o exame preventivo pela primeira vez. E como no caso do pênis, o espéculo doeu para entrar e também para sair. Mas eu consegui fazer normalmente. Ao longo dos meses usei vários cremes vaginais. Mas o desconforto só diminuía enquanto eu os usava. Quando acabavam os cremes, voltava o desconforto. Fiquei cansada ! Não busquei mais tratamentos médicos.

   E agora dois anos se passaram e resolvi voltar com os exercícios, pois só agora me dei conta de que o que fazia passar aquele desconforto não eram os remédios, e sim o  contato diário  com a vagina para introduzir os cremes. Pois depois que consegui transar eu parei com os exercícios, eu deveria ter continuado. Mas antes tarde do que nunca né ? Agora, durante o banho quando faço a minha higiêne íntima, não trato mais a minha vagina como um bibelô de porcelana, mas sim como qualquer outra parte do meu corpo. Não lavo mais com delicadeza. Pressiono, esfrego, mesmo ardendo. E já estou vendo resultados ! Fica a dica.

Concluindo, esta é uma parte  da minha vida de mulher vagínica. O que eu posso dizer , é que eu sofri muito, mas tive muita vontade e perseverança para superar . Espero que  eu possa inspirar a todas que passam por isso a não desistirem ,pois eu sei o quanto é difícil vivenciar este problema.